MATÉRIAS

domingo, 24 de abril de 2011

CONHECIMENTO BÁSICO PARA NOVOS CINEGRAFISTAS

Busque a excelência. Faça o melhor, sempre!
Foi-se a época em que filmar um evento era apenas apontar a câmera e apertar o dedo no REC. Lembro que há alguns anos atrás, quando comprei minha primeira câmera Super-VHS Panasonic AG456 e minha ilha de edição Videonics (vendi meu carro para isso), eu não era assediado constantemente a trocar de equipamento e muito menos surgiam modelos e tecnologia de mês em mês. Um investimento qualquer poderia ser usufruido por alguns anos, até poder, mais tarde, trocar de equipamento. Hoje é uma loucura. A cada semana temos novas soluções para nosso trabalho. Inumeras câmeras, lentes, iluminação, estilos de gravação, e por aí vai.


O vídeo é muito diferente da atividade de dez anos atrás. Hoje o bom cinegrafista precisa ser capaz de fazer muito mais além que enquadrar a cena e gravar. Existe todo um conjunto de novas técnicas que são necessárias se você quiser desenvolver seu trabalho a um nível superior. Até hoje, nos finais de semana que tenho folga, trago meu equipamento pra casa, acesso menú e testo recursos, saio para fazer experimentos de imagens, sou insaciável. Em um dos cursos que ministrei, um dos alunos filmava há uns 5 anos, mas esta não era sua atividade principal. O seu sonho era viver com a arte de filmar. No curso ele queria melhorar sua performance. Lembro que ele nos mostrava diversas filmagens dele no Youtube, todas sem noção nenhuma de perspectiva, domínio do equipamento e conhecimento do evento. Ele simplesmente ia pra lá e filmava. E o pior, achava tudo lindo e maravilhoso, não enxergava seus erros e se achava o melhor videomaker da cidade. O forte dele era usar apenas o olho do viewfinder e sair andando pela igreja, girando e navegando com a câmera. Não parava uma cena nem por alguns segundos. Até os alunos que nunca filmaram ficavam horrorizados com sua forma de gravar.


Esta é uma dica que dou a todos: Jamais achem que sabem tudo, que não precisam melhorar, que seu trabalho é intocável. Somos mortais e imperfeitos e nossa busca diária é evoluir a cada dia. Infelizmente meu ex-aluno apenas jogou fora seu dinheiro com meu curso. Continua fimando do mesmo jeito e seu trabalho continua sendo um bico para reforçar o orçamento do mês.


Domine seu trabalho em cinco passos


Passo 1 - Domine a edição
De que adianta ter o melhor equipamento e a melhor tecnica de registro na cabeça se você não tem a percepção do produto final de tudo o que está fazendo?. Isto é vital se você quer ser um cinegrafista que entrega, no final de tudo, um trabalho excelente ao seu editor ou a você mesmo, caso vá editar suas imagens.  Com essa visão pronta, diante de seus olhos, permitirá que você tenha maior controle sobre o seu trabalho e vai facilitar o processo de pós-produção até a entrega do vídeo. Isso significa não só criar esse produto final na mente, mas dominar também o processo de edição, conhecer o software e aprender a usá-lo para o seu pleno potencial. Os melhores pilotos são aqueles que conhecem também o motor de seus carros. Esteja preparado para mudar sua mente - ou ficar a vida inteira fazendo do mesmo jeito.


Passo 2 -  Conheça o básico do seu equipamento
O básico não é apenas apertar o botão de REC. Você precisa saber o que fazer quando se deparar com uma contra-luz, dominar a gravação com foco manual, buscar o conhecimento sobre íris, shutter, acesso ao menú de forma rápida nos recursos que pode precisar no transcorrer de uma gravação, etc. Utilize sua câmera nos momentos de folga para tirar o máximo proveito dela. Conheça seu manual e o que sua câmera pode (e não pode) fazer. Outra experiência amarga que tive foi meu primeiro trabalho internacional. Deveria cobrir o maior evento em homenagem aos Beatles na Inglaterra e o registro seria no Cavern Club, local onde os Beatles começaram sua apresentações. Como em última hora meu equipamento foi trocado para viagem, me entregaram um Betacam JVC quando eu estava acostumado com Sony. Saí da temperatura da rua em uns 10 graus e desci as escadas do cavern (o night club é um buraco quente e fedorento) chegando a uns 45 graus de calor úmido. Ao começar a gravar, a câmera simplesmente deu um sinal sonoro e apagou. E cada tentativa era em vão. Perdi a matéria. Ao chegar ao hotel descobri que nada mais era do que uma proteção do equipamento ao choque de temperatura. Eu saí de um lugar frio e entrei em um quente. A câmera literalmente embassou e ficou úmida. A proteção dela era desligar até adquirir a temperatura do local e religar. Mas a cada tentativa que eu fazia em ligar, ela memorizava a ação e contava 30 minutos a mais, tempo programado para se adequar ao ambiente. Todas as nossas câmeras de hoje tem isso. Você sabia?


Passo 3 - Flexibilidade é sobrevivência

"Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol nascer, devia ter arriscado mais, e até errado mais, ter feito o que eu queria fazer..." TITÃS - Epitáfio
É fácil ficar em um lugar confortável fazendo a mesma coisa durante anos. Como meu aluno fazia. De vez em quando saia da zona de conforto senão o acaso poderá surpreendê-lo. Busque sempre novos estilos de trabalho e aplique assim que for possível. Você sabe o que é preciso para desenvolver sua maneira de trabalhar? É reciclar, pesquisar, mudar, inovar. Conheça seu fluxo de trabalho e o que pode fazer para produzir boas imagens. Sem evoluir você não conseguirá sobreviver em um mundo com mudanças a toda hora e o seu vizinho, que nunca tinha pego em uma câmera em sua vida, poderá, repentinamente, iniciar um trabalho tão bom e diferente que pode simplesmente lhe engulir. Leia, estude, pratique.


Passo 4. Veja o que os outros estão fazendo
Nosso trabalho raramente se desenvolve de forma isolada. O trabalho de outros profissionais pode ser fundamental para ajudar a desenvolver e criar o seu estilo próprio, aprimorar suas habilidades e aumentar seu conhecimento. Ganhe algum tempo olhando o trabalho dos outros, pesquisando o olhar criativo deles e comparando ao seu. Se achar algo maravilhoso, descubra como reproduzi-lo, sem copiar. Participe de redes sociais, discuta, comente, se inspire. Jamais ache que o trabalho dos outros é sempre pior que o seu, esse é um caminho para o isolamento e suicídio. Conheço um colega que sempre trabalhou apenas com empresas e sempre desprezou os cinegrafistas de casamentos. Sempre foi fechado e apesar de buscar sempre as novidades do mercado, se achava "o cara" e trabalhava de forma isolada, sempre segurando informação e nos olhando como os pobres coitados do mercado visual. Grande surpresa tive quando me deparei com essa estrela filmando um casamento, junto com a esposa, para poder continuar existindo no mercado. Não viva em um pedestal, você pode cair.


5. Pratique e domine
Você pode ler todos os meus artigos aqui no blog, ver todos os vídeos de seus concorrentes, participar de todas as redes sociais da internet e ser o cara mais antenado do seu mercado. Isso tudo jamais irá funcionar se você não estiver com a câmera na mão. Ela não é uma colega de trabalho, ela tem que ser uma colega de vida. A paixão pela arte de registrar vem da sensação de ter criado algo único e interessante com a sua câmera, que seja um take simples, uma gravação no quintal da sua casa ou uma filmagem completa da sua cidade. Não existe coisa melhor do que pegar a câmera e fazer ensaios durante o dia e a noite, estudando, pesquisando, criando. Afinal se você for empregado de alguma empresa, seu chefe vai te cobrar para você se empenhar mais no trabalho, senão é rua na certa. Como é bom fazer isso com nosso próprio nariz! Ter a capacidade de se fazer algo que se ama de uma maneira nova e visualmente emocionante. A prática é tudo, é o domínio da arte. A prática é a garantia de que seu trabalho vai se destacar na multidão. Pegue sua filmadora e faça isso agora!


Por fim, deixo aqui uma célebre frase para a reflexão de cada leitor do blog.


"A humildade é a única sabedoria verdadeira pela qual nós preparamos nossas mentes para todas as possíveis mudanças da vida."  George Arliss




Meu passatempo predileto: sair com a câmera por aí e captar cenas da cidade, testando filtros,
lentes e enquadramentos. Essa é minha vida. Quem ama o que faz não se cansa jamais.

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